21 de jan. de 2011

Cânticos de Morte I (Desejos e Eternidade)


( Cânticos de Morte é uma pequena brincadeira poética com temas que despertam medo e até admiração, que é o caso deste primeiro. Eu, Mário Augusto Pavani, escrevi seis Cânticos de Morte. Espero que gostem.)
 
 Eu escutei os passos na escada.
O salto socava o piso de tacos.
Fiquei esperando alguém espancar a porta.
Em vão, os passos continuaram escada acima.
Acendi o cigarro.
Provavelmente eu estaria só novamente.
Estiquei meu esqueleto sobre o sofá rasgado e cheirando a mofo.
A fumaça fazia desenhos em direção ao teto.
Eu estava quase adormecendo quando ouvi socos leves na porta.
Levantei-me com calma.
Verifiquei que era Claudia.
Seus seios estavam graciosamente expostos.
Sua blusa deixava-os à mostra.
A calça de cós baixo mostrava os pentelhos dourados.
Deixei-a entrar.
Apenas acenou-me com a cabeça em sinal positivo.
Jogou a bolsa vermelha num canto do quarto.
Apanhou o cigarro na cômoda e acendeu em grandes talagadas.
Seu batom manchando o filtro de vermelho.
Caminha em minha direção.
Puxa meu cinto com fúria.
Tira minha camiseta suada.
Beija-me o peito e colocando o cigarro no cinzeiro, começa a desabotoar a minha braguilha.
Sinto sua língua fazer círculos em meu umbigo.
Coloco minha mão direita sobre sua cabeça e a forço olhar em meus olhos.
Arrasto sua cabeça até minha altura.
Trago seu corpo em direção ao meu e sugo seu sangue, ouvindo os gemidos de dor êxtase.
Parecemos bailar no quarto fétido.
Seu corpo inerte no sofá.
Vazio de vida, mas cheio de eternidade.
Fecho a porta antes de sair.....

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