13 de ago. de 2011

HOMENS


Homens catando bitucas de cigarros no chão
onde outros cuspiram,
debulharam-nas numa folha de seda
e outro cigarro fizeram.
Homens catando papel e papelão
restos que outros deixaram,
atearam fogo para aquecer o frio
e se embriagaram.
São os mesmos de dez mil anos atrás,
antes de todo o egoísmo e ambição.
São os mesmos que acreditavam na vida
mesmo não tendo pão.
“Deus deu o frio conforme o cobertor”,
o fogo veio conforme o calor,
a fome aperta com a necessidade,
o medo veio pela falta da verdade.
Homens que vivem de sonhos
e tentam migalhas de sorte.
São eles que rezam em busca do amor,
um amor que não lhes é entregue.
São eles que pedem para que Deus os ajude,
pois temem que outros lhes neguem.
Homens que se candidatam a cargos públicos,
homens que se matam,
homens que choram,
homens, eles são apenas homens.
Na cobiça, na justiça,
no dever ou na ganância
eles são apenas homens,
meros nada.

Poema de: Mário Augusto Pavani (Livro Pícaro)

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