8 de ago. de 2011

CHORAR




Chora a criança faminta nos braços da mãe de luz;
chora o operário de sonho sobre sua construção;
chora a menina de quinze anos ao pé da cruz;
chora o músico com a beleza de sua última composição;
chora o pai que abandona o filho no ventre da mãe;
chora o povo tupi por ter confiado nos portugueses;
choram os apóstolos ao verem Jesus multiplicar os pães;
choram os discípulos de Hitler ao derrotar os franceses;
choram os franceses ao se libertarem dos alemães;
choram os pobres, os ricos, os analfabetos, o Presidente;
choram as mulheres, os homens, os deuses, os dementes;
choram católicos, negros, brancos, protestantes, mulatos;
choram crianças, velhos, favelados, milionários, ingratos.
Chorar, o verbo que vem da alma e do coração.
Chorar, a única coisa que sei fazer neste momento.
Chorar é demonstrar que se está ferido ou sentido.
Chorar, enfim, é depositar confiança em seu sentimento.



Poema de: Mário Augusto Pavani

Nenhum comentário:

Postar um comentário